O Rio Tamanduateí sempre foi citado como um dos principais afluentes do mais importante rio do nosso Estado, o Tietê.
Ao longo de seu curso passa por três importantes cidades da Região Metropolitana de São Paulo, Mauá, Santo André e a nossa Capital.
Nunca escritores, jornalistas, professores de história e, principalmente, os moradores das outras duas cidades citaram a questão que esse rio separa dois distritos. Ao longo de seu curso, em especial, na Capital os bairros são unidos e não há nenhuma discriminação por parte de moradores de ambos os lados.
Lamentavelmente, em nossa cidade essa questão ficou enraizada e bastante forte até os dias de hoje, com certa discriminação administrativa das gestões públicas que se sucederam ao longo de muitos anos.
Os discursos antes de eleições majoritárias para escolha de Prefeito, Vice e Vereadores sempre procuraram amenizar essa situação ridícula, mas isso sempre ficava no discurso.
O nosso sistema viário é prova latente disso. Os viadutos executados todos sem exceção foram executados sobre a Estrada de Ferro e nunca sobre o Rio Tamanduateí. Exceção fica por conta de uma única passagem sobre o Tamanduateí em uma das alças do Viaduto Adib Chamas. E olha que para ser executada essa alça nós, engenheiros de carreira da PMSA tivemos que insistir muito com o então Prefeito Celso Daniel também engenheiro tendo até sido por mim contratado como estagiário de engenharia civil na PMSA. Acabou por consentir e fomos contemplados com essa alça do viaduto. Nossa alegação ao mesmo na oportunidade se referia as constantes inundações que repartiam a cidade em duas partes sem comunicação.
Até ações da Administração de forma institucional acabam por aumentar essa distorção urbanística, como, por exemplo, as denominações dos setores fiscais da PMSA que determinam número ÍMPAR para o 1.º Distrito e número PAR para o 2.º Distrito (VER NO MAPA) que ainda, por cima é denominado subdistrito. Isso na época em que foi idealizado (faz muitos anos) poderia até ter sido de forma prática de identificação, mas sempre levou a interpretações de discriminação.
Lembro também, que no final dos anos 70 na gestão Lincoln Grillo o então Prefeito ao receber da Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo consulta sobre o “Movimento Separatista de Utinga” enviou essa consulta a Associação dos Engenheiros e Arquitetos do ABC pedindo parecer conclusivo da nossa Entidade (fazia parte como Conselheiro) pela separação ou não. A AEAABC possuía 21 Conselheiros incluindo até ex presidente do CREA-SP, ex Secretários Municipais e profissionais diversos de engenharia e arquitetura da Região. Após a votação secreta o resultado foi de 20 x 1 votos por manter os dois distritos em uma só cidade. Embora o voto tenha sido secreto informo ao leitor que esse início voto foi o meu, muito embora já soubesse do resultado antes da votação.
Na realidade esse voto nada mais foi uma forma de protesto pelas ações que as Administrações anteriores tratavam a questão. Hoje não mudou quase nada. Continuam os discursos e ficam as promessas. Se tivesse ocorrida a separação esse Distrito seria uma cidade no mesmo nível de São Caetano do Sul com alto índice de desenvolvimento. Tenho certeza absoluta dessa afirmação.
Os viadutos Utinga, Castelo Branco, Pedro Dell’Antonia, 18 do Forte e Cassaquera (nomes populares), lamentavelmente, (mais uma vez) continuam da mesma forma que foram construídos, ou seja nada sobre o Rio Tamanduateí.
Aconteceram algumas tentativas, por parte da administração municipal de amenizar essa questão com a execução de benfeitorias como, por exemplo, o CRAISA, Chácara Pignatari, Unidade do Corpo de Bombeiros, Parque Cidade da Criança e algumas unidades escolares e de saúde, muito pouco para uma região como essa.
Cheguei à casa dos meus pais com dois dias de vida (eles já moravam) na Rua Holanda, 57, no Parque das Nações, isso em 1944.
Lá ambos com muito esforço e dedicação construíram uma escola (sala de aula em 3 períodos), no próprio terreno particular nos fundos da residência e a cederam para a Prefeitura e o Estado (já era uma visão das famosas PPPs) onde lá ficou estabelecida por muitos anos a 1.ª Escola Mista Estadual do Parque das Nações. Funcionava para o 1.º ano primário das 8:00 as 11:00 e das 14:00 as 17:00 e segundo ano primário das 11:00 as 14:00 hs.
Mudamos desse bairro, para a Vila Homero Thon por conta da transferência de minha mãe para a Escola Estadual Ondina Rivera Miranda Cintra em 1958.
As ruas no início dos anos 40 eram todas de terra. A primeira via asfaltada no bairro foi a Av. Brasil. Faltava energia elétrica e iluminação pública para os bairros mais afastados. Foi uma infância deliciosa e um início de adolescência bastante agradável.
Aqui está história. Qualquer interessado em ser administrador da nossa cidade tem por obrigação, no seu primeiro ano de mandato elaborar os projetos dessas ligações, iniciá-las e concluí-las em menos de dois anos. Criar em seu primeiro trimestre de administração uma Subprefeitura com todo conforto e comodidade aos moradores dessa região. É o mínimo!
Eng. Edgard Brandão
Engenheiro Civil * Ex Secretário de Habitação da PMSA
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